Princípios básicos da navegação costeira e em águas restritas
Navegação costeira
Sequência de operações na navegação:
1- Planeamento e traçado da derrota (estudo da viagem).
Selecção das cartas Náuticas, cartas Piloto e publicações de segurança à navegação necessárias.
Verificar, pelos “Avisos aos Navegantes”, se as cartas e publicações estão actualizadas.
Estudo detalhado da área em que se vai navegar.
Traçado da derrota nas cartas gerais e de grande escala.
Registro de rumos, velocidades e ETAs.
2- Determinação da posição do navio.
3- Previsão da posição futura do navio, utilizando técnicas da navegação estimada.
4- Nova posição da posição do navio.
5- Confronto da posição determinada e da posição estimada para um mesmo instante, afim de:
a) Determinar os elementos da corrente.
b) Corrigir o rumo e a velocidade, para seguir a derrota prevista, com a velocidade de avanço estabelecida, compensando a corrente.
6- Repetição das operações de (2) a (5), com a frequência necessária à segurança da navegação.
Navegar é marcar a posição do navio, verificar se cumpre o planeado e prever a posição futura.
Corrigir a posição, caso seja necessário, usando alterações da velocidade ou mudanças de rumo.
Ás 01:00 tirou-se uma posição e constatou-se que o navio ía adiantando e fora do rumo.
Se for necessário cumprir planeamento deve-se reduzir a velocidade e corrigir ligeiramente o rumo para bombordo, caso contrário deve-se refazer o planeamento, de forma a permitir controlar os movimentos do navio e a garantir os resguardos de segurança.
Navegação em Águas restritas
A navegação em águas restritas consiste na utilização de um conjunto de métodos e técnicas de navegação especialmente adaptado à situação de um navio a navegar em espaços apertados, relativamente às suas dimensões e capacidade de manobra.
O objectivo deste tipo de navegação é garantir que o navegante tenha sempre o controlo da posição do navio face a perigos existentes e ao seu trajecto planeado.
Planeamento da entrada num porto
Princípios básicos:
Na navegação em águas restritas navega-se por linha de posição.
Periodicamente fazem-se verificações de posicionamento em avanço. De facto, assim é para o navegante experimentado ou profissional que faz o planeamento.
Entrada no rio:
O navio entrará pelo enfiamento.
Quando vir o farol no azimute 090º vê as horas e verifica se são 01:00 (figura em cima).
Se for mais tarde é porque vai atrasado, se for mais cedo vai adiantado.
A navegação por linha de posição em águas restritas baseia-se no facto de os acontecimentos, devido à proximidade de perigos, evoluírem tão rapidamente que o tempo que se demora a marcar o ponto já o navio estará noutra posição e possivelmente em risco.
Por isso, marcam-se as linhas de posição fáceis de verificar e a única preocupação do navegador é saber se está a abater para bombordo ou estibordo do caminho planeado.
No caso de um enfiamento é muito simples.
Por simples observação das marcas o navegador pode aperceber-se facilmente das seguintes situações:
1- O navio está a abater para estibordo; é preciso alterar o rumo para bombordo a fim de ganhar o enfiamento.
2- O navio voltou ao enfiamento, está na posição correcta.
Marcar as linhas de posição de resguardo
Num rio em que se encontre um navio afundado a pouca profundidade a meio do rio, o navegador tem que manter o navio sobre o enfiamento.
No entanto se o navio sair do enfiamento ele sabe que se o azimute ao farol for:
inferior a 005º – Estará em perigo de abalroar o navio afundado
Superior a 005º – estará em perigo de encalhar no fundo baixo da margem norte
Assim, as linhas de posição de resguardo são aquelas que limitam o canal livre de perigos.
3- Ter em conta os elementos evolutivos do navio.
Como é de conhecimento geral, um navio devido á sua inércia não guina imediatamente com o leme nem pára imediatamente com a paragem das máquinas.
Assim se o canal, for muito estreito terá que se calcular previamente:
A velocidade a que o navio deve ir
Os momentos em que se deve meter o leme
O ângulo de leme a meter
Em função da:
Trajectória pretendida
Das condições de vento e corrente
Dos elementos evolutivos do navio
Destes elementos evolutivos constata-se que a embarcação não poderá navegar num canal com curvas de raio inferior a 15 metros a uma velocidade de 10 nós utilizando só 15º de leme para guinar.
Vê-se também que não se pode deixar o navio aproximar de terra a menos de 20 metros pela proa se se quiser parar a embarcação sem meter máquinas a ré e sem perigo de galgar o cais, por exemplo.
O planeamento em águas restritas é fundamental e tem que ser extraordinariamente rigoroso para se evitar um dissabor com o navio.
A própria condução do navio e da navegação tem de ser cuidadosa e muito rigorosa.
O princípio geral é:
Quando menos espaço houver para manobrar menos velocidade deverá ter o navio e mais rigorosa terá que ser a navegação.
Em águas restritas não há tempo a perder na marcação de posições.
É muito mais importante ter a noção que se está safo e em segurança, do que saber exactamente a posição do navio.