O Vento
O vento é o movimento horizontal do ar em relação à superfície da Terra. Além do movimento horizontal do ar, também se verificam na atmosfera a existência de correntes verticais, que são da maior importância na génese de alguns fenómenos atmosféricos (nuvens, precipitação, trovoadas, turbulência, etc.).
A causa primária do vento reside na desigual distribuição da pressão atmosférica a determinado nível e surge como mecanismo de compensação quer da temperatura quer da pressão. Assim, através da análise das isóbaras (linhas que unem pontos de igual valor da pressão atmosférica) traçadas numa carta meteorológica, consegue-se avaliar a direcção e intensidade aproximadas do vento.
Para já vamos apenas abordar dois tipos de ventos, os locais e os globais
Brisa marítima: do mar para o continente
– Durante o dia a superfície terrestre aquece mais rapidamente que o mar, por isso, sobre terra o ar torna-se menos denso (e a pressão mais baixa) do que sobre mar. Consequentemente, o ar quente sobre terra sobe e o ar mais frio e húmido desce sobre o oceano. Em altitude, o ar desloca-se no sentido do mar (onde a pressão é mais baixa) e à superfície circula no sentido de mar para terra, fechando a circulação, conhecida como brisa marítima.
Brisa terrestre: do continente para o mar
– À noite, a superfície terrestre arrefece mais rapidamente que o mar, assim a temperatura do mar é superior à temperatura da terra e forma-se uma circulação inversa a que ocorre durante o dia. À superfície, o ar desloca-se no sentido da terra para o mar. Este tipo de circulação denomina-se brisa terrestre.
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A circulação geral da atmosfera. Se não houvesse nenhum mecanismo que transportasse o excesso de calor dos trópicos para os pólos, estes atingiriam temperaturas muito baixas e aqueles estariam permanentemente a aumentar a sua temperatura. Na realidade não é isso que se verifica ou seja, as temperaturas médias dos Pólos e do Equador têm-se mantido constantes com o passar dos últimos milhares de anos.
Hadley foi o primeiro meteorologista a tentar encontrar uma explicação para este facto. As suas investigações levaram-no a teorizar um mecanismo de circulação atmosférica que funcionava do seguinte modo:
Devido ao grande aquecimento verificado nas regiões Equatoriais o ar aquece, torna-se menos denso e é obrigado a elevar-se na vertical, criando uma depressão nessas regiões. Por sua vez o ar em contacto com as regimes polares arrefecia, tornava-se mais denso e era obrigado a descer criando uma zona de alta pressão em cada um dos Pólos. Assim haveria ar a mais nos Pólos e ar a menos no Equador, o que levava a que se criasse á superfície uma grande deslocarão de ar dos Pólos para o Equador. Este movimento era então compensado por um movimento oposto em altitude. Estas células de circulação meridional seriam então as responsáveis pelo equilíbrio térmico da Terra.
Mas o estudo do regime de ventos levou à conclusão que aquele esquema de circulação não podia corresponder à realidade já que não existiam os ventos meridionais que o compunham. Estudos mais detalhados, tendo em conta a rotação da Terra, levaram a uma circulação tricelular e à justificação dos ventos observados (Fig. seguinte).
Como a velocidade linear da Terra é directamente proporcional à distancia ao eixo de rotação, os pontos colocados sobre o Equador têm uma velocidade maior que os colocados a latitudes mais altas. Este facto faz com que as partículas de ar que se deslocam do Equador para os Pólos sofram um desvio, que é para a direita no hemisfério Norte e para a esquerda no hemisfério Sul (a já estudada força de Coriolis). Assim, a distância que uma partícula tem de percorrer desde que ascende à vertical do Equador até que atinge o Polo é muito maior que a distancia percorrida num trajecto meridional. Este aumento de distância vai fazer com que a partícula não atinja directamente o Polo mas antes tenha de descer perto dos trópicos, criando nessa zona uma região de altas pressões. O mesmo, embora em sentido contrário, ocorre com o ar que se desloca dos Pólos a caminho do Equador, ou seja, as partículas de ar deslocam-se por um trajecto maior (devido à tal deflexão para a direita), aquecem mais rapidamente e vão criar uma região de baixas pressões perto da latitude de 60º. No meio destas duas células, ou seja entre os anticiclones subtropicais e as depressões subpolares cria-se uma nova célula que fecha o circuito. Deste modo a circulação do calor entre o Equador e os Pólos processa-se indirectamente através de uma sucessão de anticiclones e depressões.
A superfície os ventos sopram de NE, dos anticiclones subtropicais para as depressões equatoriais (ventos alísios), sopram de SW dos anticiclones subtropicais para as depressões subpolares e de NE dos anticlones polares para as depressões subpolares. O esquema desta circulação é o representado na figura seguinte.
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